A Educação Sanitária como ferramenta para melhoria de status sanitário 

O Brasil responde por mais da metade das exportações mundiais de carne, ocupa posições de liderança em produção de café, soja, cana-de-açúcar, laranja e desponta como uma potência em tecnologias ambientalmente sustentáveis como a agroenergia. Esta posição de destaque no cenário mundial foi alcançada graças à pujança do setor privado, ao desenvolvimento tecnológico e à diversidade e qualidade dos nossos agroecossistemas. No entanto, à medida que os mercados internos e externos pressionam por produtos agropecuários de maior qualidade e obtidos segundo  práticas socioambientais sustentáveis, faz-se necessária a melhor estruturação de um sistema de defesa agropecuária. O país deve estar preparado para lidar com exigências sanitárias e para comprovar práticas ambientalmente sustentáveis de produção e a atenção à saúde e bem estar do trabalhador rural. Nesse cenário, a Educação Sanitária surge como uma ferramenta fundamental para se alcançar a melhoria do status sanitário de um município, um estado ou um país.

Alguns casos de sucesso evidenciam a relevância da Educação Sanitária para os programas de combate a pragas  agrícolas e doenças dos rebanhos:

:: Erradicação da mosca-da-carambola na região norte do Brasil – a espécie ataca diversas espécies de frutas tropicais e subtropicais e foi introduzida no estado do Amapá através da região do Oiapoque, fronteira com a Guiana Francesa. Quando se detectaram focos no estado do Pará, foi empreendido um programa de Educação Sanitária para esclarecer a população sobre os riscos inerentes ao transporte de frutos potencialmente infestados. O resultado foi a declaração de erradicação do foco da mosca-da-carambola no estado do Pará, em 2008. Caso a praga se estabelecesse no Pará, a chance de se dispersar para os pólos frutícolas aumentaria significativamente. Através de modelagem matemática, foi demonstrado que isso acarretaria perdas anuais da ordem de 1 bilhão de reais considerando perdas diretas em campo, custo do controle, redução nos postos de trabalho e perdas de mercado.

:: Erradicação da Cydia pomonella na região sul do Brasil – a espécie foi introduzida no Rio Grande do Sul, provavelmente através da Argentina ou Chile. Ela ataca maçãs, peras, nozes européias e outras frutas temperadas. Como a praga estava restrita à área urbana, a estratégia proposta foi a substituição de plantas hospedeiras por plantas não hospedeiras. O sucesso da campanha é atribuído, em grande parte, ao trabalho massivo de comunicação e educação sanitária. O resultado foi imediato e, em três anos, as primeiras áreas foram erradicadas.  As perdas anuais estimadas pela praga seriam da ordem de 6 milhões de reais em SC e RS.

:: Programa de recolhimento de embalagens vazias de agrotóxicos – o Brasil é referência mundial no recolhimento e reciclagem de embalagens vazias de agrotóxicos. O programa retira esse passivo do ambiente e reduz os riscos de intoxicação de pessoas e animais que entrariam em contato com materiais contaminados.

Os programas da mosca-da-carambola e da Cydia pomonella são coordenados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, em parceria com órgãos estaduais de defesa agropecuária e com o setor privado. O programa de recolhimento de embalagens vazias é coordenado pelo Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias, uma organização não governamental presente em todo o país.

:: Projeto de Apoio à Saúde Agropecuária (PASA) - é realizado pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) com o objetivo de capacitar pessoas da comunidade para atuarem na vacinação contra a brucelose, febre aftosa, raiva e clostridiose. O PASA possibilitou um aumento no índice de vacinação e a detecção precoce de focos de doenças. O PASA está em atuação em 14 regiões de Minas Gerais.

:: Projeto Sanitaristas Mirins - outro projeto do IMA, que desponta no meio escolar, aproveitando o novo modelo pedagógico, que permite a inserção de matérias de interesse do cotidiano e da realidade das comunidades, tem proporcionado a formação dos futuros dirigentes da sociedade, priorizando assuntos ligados à zona rural e à agropecuária, principalmente os que fazem parte das campanhas de Governo de combate e controle de doenças animais, pragas de vegetais, inspeção de produtos de origem animal e vegetal, meio ambiente entre outros. De 2003 a 2010 trabalhou mais de 50 mil escolares mineiros.